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Quê futuro?

Em entrevista à revista ELLE Brasil, a psicanalista Ana Maria Stucchi Vannucchi, diretora científica da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, fala sobre um tema de extrema relevância: a impotência e angústia dos jovens em relação ao futuro.





Natureza em fúria, caos geopolítico, inteligência artificial ameaçando tomar empregos e dominar mentes: o que podemos fazer – ou não fazer – em um cenário desses?

Fevereiro de 2024. Uma guerra na Europa que já extrapola dois anos, outra, no Oriente Médio, com impacto mundial ainda incerto (fora todas que não estão nas principais manchetes do dia), ataques e contra-ataques no Mar Vermelho, aquecimento global com desdobramentos extremos – deslizamentos de terra, tufões, ondas violentas de calor, secas e inundações históricas –, e um grau de desigualdade social em crescimento constante nos países pobres. Tudo isso e mais um pouco na sequência de uma pandemia, cujas consequências reverberam na educação, na saúde mental, no mercado de trabalho e em outros setores da vida.

Que futuro esperar diante desse cenário sinistro, com perspectivas até de um não-futuro, com o processo de fim dos tempos na Terra em andamento? Para que estudar e investir numa carreira? Ou parar de comer carne se o mundo vai acabar de qualquer maneira?

“Não morreremos de velhice. Morreremos por causa das mudanças climáticas”,estampa um cartaz empunhado por uma jovem em reportagem do Washington Post intitulada “O fardo ambiental da geração Z”.

Toda a Terra reduzida a nada

A angústia com o futuro da vida na Terra já tem até nome: ecoansiedade, ou ansiedade climática. O assunto foi tema de um estudo publicado na revista The Lancet Planetary Health, que analisou o grau de ansiedade climática entre jovens de dez países, Brasil incluído. Entre as 10 mil pessoas de 16 a 25 anos ouvidas pelos pesquisadores, 75% consideram o porvir assustador e, para mais da metade (56%), a humanidade está “condenada”.

Mas será que há razão para essa visão apocalíptica, de fim do mundo? Cientistas atestam que sim: esses tempos sombrios são de altíssimo risco para a nossa espécie e para outras.”.

A obra é do antropoceno, um termo relacionado ao impacto das atividades do homem no meio ambiente, com efeito como as mudanças climáticas e danos irreversíveis causados pelo consumo excessivo de recursos naturais, vide os combustíveis fósseis, que estão até no centro da indústria da moda.

Por outro lado, é possível crer num “otimismo apocalíptico”, expressão usada pelo neurocientista Sidarta Ribeiro, fundador e professor do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Em seu livro Sonho manifesto (Companhia das Letras), de 2022, ele defende o retorno aos conhecimentos dos povos originários como uma solução para reverter a atual catástrofe ambiental e social. res”.

Sidarta destaca a esquisitice própria do humano, animal paradoxal, que é violento e também altruísta. O cuidado com o outro é exemplar quando se trata das pessoas do seu círculo íntimo. Para os demais, resta a competição. Protegemos os de dentro, combatemos os de fora. O caminhos e encontraem“ curar nossos piores instintos, nutrindo os melhores”. Ou seja, sanar as partes doentes, como os sistemas patriarcal e o racismo, e honrar as nossas antigas tradições de cuidado com os outros.

Desde a pré-história, explica Sidarta, nossos ancestrais desenvolveram uma sofisticada ética do cuidado, baseada nos valores da atenção, da responsabilidade, da competência, da confiança… “Nossa raiz biocultural é violenta, mas também é amorosa, generosa, capaz de esmerados cuidados parentais e maravilhosa sociabilidade.”

Sem tempo para fechar os olhos

Outro tema que tem gerado angústia e teorias de eliminação humana na Terra, tipo sci-fi, é o uso cada vez mais massivo e sem controle do mundo digital. Feito por humanos e tal qual os humanos, ele é igualmente paradoxal: traz fantásticas e indubitáveis contribuições para a humanidade se informar e se conectar, mas pode gerar efeitos altamente perturbadores.

A aceleração do tempo na tela, o ir e vir constante de imagens e informações oferecidas freneticamente, novas, em pílulas, é obstáculo para a contemplação, o pausar, o aprender, o narrar, refletir, decidir e, por fim, concluir.

“As imagens inquietas não falam ou contam, mas sim fazem barulho. Frente a essas imagens ʻameaçadoras’, não se pode fechar os olhos. O olho fechado é o signo visual da conclusão. Hoje, a percepção é incapaz da conclusão, pois ela zapeia pela rede digital sem fim”, escreve o filósofo e ensaísta sul-coreano Byung-Chul Han.

Em cinco ensaios curtos e poderosos, o autor do best-seller Sociedade do cansaço (Editora Vozes) faz uma análise da aceleração em que vivemos imbricados. O nome do livro, de leitura valiosa: Favor fechar os olhos: em busca de um outro tempo (Editora Vozes).

O tempo exigido pelos textos mais longos, complexos, profundos, realmente não sobrevive à correria desenfreada da era digital e seu inquieto filhote, a cultura do imediatismo. No Brasil, o segundo país onde as pessoas passam mais tempo na internet (nove horas e 30 minutos por dia), o texto mais longo lido por 66% dos alunos não passa de dez páginas.

Entre os demais sul-americanos da pesquisa, o Brasil lidera, com folga, o ranking de estudantes cuja última leitura do ano não ultrapassou uma página, segundo levantamento do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), em parceria com a plataforma Árvore e com base nos resultados de 2018 da prova do Pisa.

A habilidade de ler e interpretar não é uma graça dos deuses que cai do céu, mas o resultado de um circuito que os seres humanos começaram a criar no cérebro milhares de anos atrás, explica a neurocientista estadunidense Maryanne Wolf, autora de O cérebro no mundo digital – Os desafios da leitura na nossa era (Contexto).

O hábito digital da leitura rápida leva a pessoa a passar “por cima da argumentação, dos pontos mais sofisticados do texto, e receber menos da substância de pensamento que é importante para a análise crítica”, ressaltou Maryanne em entrevista à BBC News Brasil.

Perder a capacidade crítica, a capacidade de julgar, ponderar, decidir, pode até não implodir o mundo, ainda que seja duro pensar que talvez Trump ganhe novamente o botão bomba nuclear em ação, mas vamos ter uma vida mais empobrecida do ponto de vista existencial. Mais árida.

Os algoritmos, por meio de suas recomendações, decidem por nós sem percebermos. O experienciar vai para o ralo quando a nossa escolha é feita pela máquina. O ChatGPT redige um texto, faz um trabalho da faculdade, mas pode colaborar com o emburrecimento do humano e ter implicações nefastas no mercado de trabalho, com séries de plágios e carreiras sendo subjugadas – como o próprio jornalismo, vale ressaltar.

“Na verdade, existe um perigo existencial inerente ao uso da IA (inteligência artificial), mas esse risco é existencial no sentido filosófico e não apocalíptico”, escreve Nir Eisikovits, professor de filosofia e diretor do Centro de Ética Aplicada da UMass Boston, no site The Conversation. “A IA em sua forma atual pode alterar a maneira como as pessoas se veem. Pode degradar habilidades e experiências que as pessoas consideram essenciais para o ser humano.” te, cada

“A gente não sabe como vão ficar a mente humana e a capacidade de pensar no futuro”, afirma Ana Maria Stucchi Vannucchi, psicanalista e diretora científica da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.

No entanto, ela alerta para o real perigo da terceirização da própria capacidade de pensar e decidir. “A tecnologia oferece um tipo de esperança milagrosa, um faz-tudo mágico, que acarreta a sensação de impotência. Já que a IA faz tudo, a internet faz tudo, eu não preciso fazer nada. Então vou ficando cada vez mais impotente, cada vez com menos condições de pensar, de sentir.” E pode ser que essa impotência venha disfarçada de um grande alívio, diz Ana Maria, e a pessoa se coloque no papel de quem não precisa ser sujeito no mundo.

No fundo, esse caminho funciona como uma defesa contra o sofrimento. “Sabe qual é o problema? Quando a gente não quer sofrer, a gente não pode ter prazer também. Se eu estiver anestesiado para a dor, eu também me anestesio para o prazer, para o prazer de existir. Estar vivo traz muita dor, mas também traz muita alegria.”

Ou seja, se negarmos a dor, aí mesmo é que estamos perdidos enquanto espécie. Em meio a tantas incertezas, fica mais uma dúvida: será que a atual e um tanto bizarra realidade não é uma oportunidade para enfim mudarmos o jeito de ser e de viver?     

Matéria publicada no site da revista ELLE Brasil, edição fevereiro de 2024.

Compartilhado do blog: https://www.sbpsp.org.br/blog/fim-do-mundo/ 




Terapia Integrativa

Em 2024, pela Editora Rosa Francesa 

Lançamento do Livro com diversos temas e coatores: 

Terapia Integrativa - Encontro com "EU" 

Alguns dos coautores presentes:








Equipe organizadora: Francielly S. Jahn / Rosaura Saraiva / Elaine Demarch

Em Agosto 2024 

@e.rosafrancesa


Medical and Research Publications - Journal of Neurology and Psychology


SCHUBERT, R. - Building Bridges, Scenarios, Worlds of Possibilities - The Use of Lego as a Therapeutic Resource with Autistic Children. MAR Neurology, Neurosurgery & Psychology,  United Kingdom, March 2024

 

 


Building Bridges, Scenarios, Worlds of Possibilities - The Use of Lego as A Therapeutic Resource with Autistic Children

I bring up this subject because I regularly use Lego in my consulting room, mainly in child psychodiagnosis and play therapy. The people who have shown me this over the years have mainly been patients with autism spectrum disorder. Something about Lego always attracted them more than other toys: the colours, the shapes, the possibility of organising, segmenting, systematising - and then moving on to something deeper and more therapeutic: building scenes, creating characters, relating characters, naming emotions and beliefs.

As a psychotherapist who works with children, I have a toy room inside my consulting room with various games and toys. I use Lego, Playmobil, various dolls, sets, graphic and craft materials, board and card games, books, magazines, in short, play materials that arouse children's interest and that stimulate and allow the manifestation of fantasy, affective and bodily expression, and creativity.  I consider Lego to be a fantastic playful representative of human adult reality. It's a powerful ally in helping children make the transition from the world and imagination/fantasy of childhood to the world and reality of adulthood - or to understand and express them. Learning, through play, rules and limits, both for themselves and for others. Developing logical reasoning, creativity, abstraction, among others, through playful language.

Lego has many qualities and possibilities in its favour as a toy. By joining together multicoloured geometric pieces, you can build a pot, a wall, a car, an aeroplane, a tower, an entire city, a scene of struggle and domination, a scene of abuse, a happy, fun scene, a scene of meeting and reconciliation, romance or adventure... it all depends on the availability of this material in the consulting room, the attitude of the psychotherapy professional, the child's trust in the space for expression, the will, the goal, the skills and creativity with this toy.

In my opinion, several aspects count in favour of this toy: the aesthetics and shape it has and can take; the colourfulness of its pieces; the infinite possibilities for construction, joining and creation; characters with various facial and body expressions; construction of 3D scenes; various characters from the world of children, games, cinema, comics and books; the personification of fantasy; the use of creativity and logic; patience and tolerance of frustration; co-operation and exchange; expression and communication; playful elaboration; construction and deconstruction; meaning, re-signification and emotional discharge; skills that develop in contact with toys and by the playing.

I can see the importance of play and this toy in various clinical situations in the consulting room but, as many professionals have expressed in a series of studies and research, Lego can be very specific in the care of children on the autistic spectrum. And indeed, this toy is proving to be a differential in establishing bonds and exchanges with children with this clinical condition. Here I'll give some examples of these theories and their possibilities in the clinical psychology context.

Continues at:  https://medicalandresearch.com/current_issue/1948

 

 


 

Article written by brasiliean psychologist René Schubert and published in the book: Um Amor Azul – Os desafios e o caminho para lidar com a pessoa autista. Coordenação de Neia Martins e Viviane Oliveira, Editora Conquista, São Paulo, November 2023

Brinquedo Lego no Consultório de Psicologia

 Vamos à prática?

Vamos brincar, seriamente, na prática clínica?

Selecionando as peças para caixa Lego Serious Play


Após me aprofundar também na metodologia Lego Serious Play e já trabalhar há anos com o brinquedo Lego como ferramenta/recurso nos atendimentos de Legoterapia ou Terapia com Legocom crianças e jovens - vem com clareza as possibilidades de modelos de atendimentos à clientela adulta.


Uma infinidade de cenários e personagens

O brinquedo Lego com sua diversidade de cenários, personagens e peças atua como recursos de consultoria, coaching, atendimento terapêutico - sendo utilizado para: Exposição de dificuldade, Resolução de Conflitos, Foco na Solução, Posicionamento Consciente, Formas, Posturas e Comunicação e outras possibilidades a partir das construções de cenários em 3D. Estimula a conexão, expressão, percepção, insights, feedback, storytelling, ludicidade e criatividade - ou seja, Aprender Divertindo-se!


Criação, articulação e construção - historias e mais historias...


No 3º Congresso de Orientação Familiar em São Paulo nos dias 24 e 25/05/2024, ocorrerá o lançamento do 3° Volume do livro Orientação Familiar. Tanto no livro como em minha apresentação falarei sobre minha experiencia clínica com a legoterapia. Segue minha temática: Conectando e Construindo Possibilidades - Brincar de Lego na Ludoterapia.



E, em 2023 lancei um artigo em livro abordando o Lego como recurso no atendimento com crianças com o espectro autista: "Construindo pontes, cenários, mundos de possibilidades: o uso do Lego como recurso terapêutico com crianças" (Um Amor Azul - Os desafios e os caminhos para lidar com a pessoa Autista, Editora Conquista)



Em novembro de 2022 apresentei a temática "O brinquedo Lego como alternativa terapêutica no tratamento de crianças com espectro autista" no 6º Congresso Brasileiro de Psicologia: Ciência e Profissão




Temas de Palestras abertas ao publico em 2024






Todo ano há uma sequência de palestras com entrada franca realizadas pela Igreja Luterana - Cantareira em uma parceria entre o Pastor Ernani Röpke e o Psicólogo René Schubert.  


Os dias escolhidos são de quarta-feira, e o início das palestras é sempre as 20 horas. As palestras tem duração em média de uma hora e meia. As palestras ocorrem por meio da plataforma Zoom - geralmente no dia da palestra o link é enviado para os interessados. 

Seguem as temáticas e datas selecionadas para este ano:


10.04 - A força das palavras - podem construir, podem destruir
 
 05.06 - Relacionamento não é conto de fada, se constroem
 
21.08 - Os quadros ansiosos e depressivos hoje
 
09.10 - Legoterapia e Pet terapia - seus usos como recursos para educação e psicologia



Maiores Informações:

Ernani Röpke - Pastor - Tel. (11) 2203 - 0081
René Schubert - Psicólogo - rene.schubert@gmail.com

Endereço: Lutherhaus - Paróquia Cantareira - Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil - Rua Comendador Quirino Teixeira , 212 – Tremembé