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Relacionamento de Casal - Bert Hellinger



"O vínculo entre parceiros exige que o homem deseje a mulher como mulher e que a mulher deseje o homem como homem. O vínculo não se estreita completamente quando os parceiros se desejam por motivos diferentes: por passatempo ao adorno, como provedores, por ser um deles rico ou pobre, católico ou protestante, judeu ou muçulmano; porque um quer conquistar, proteger, melhorar ou salvar o outro; porque um quer que o outro seja, sobretudo, pai ou mãe de seus filhos. Parceiros que se juntam com esses objetivos em vista não consolidam uma união capaz de resistir a crises graves. Se o homem continua a ser um filho em busca de uma mãe e a mulher continua a ser uma filha em busca de um pai, suas relações, embora afetuosas, não são relacionamentos de homens e mulheres adultos. As pessoas que estabelecem relacionamentos na esperança, reconhecida ou não, de que ganharão algo que não recebem do pai ou da mãe, estarão, na verdade, procurando pais."



Homem e Mulher: A base da família  
"A base da família é a atração sexual entre um homem e uma mulher. Quando um homem deseja uma mulher, deseja aquilo que, como homem, lhe é necessário e não possui. Quando uma mulher deseja um homem, também deseja aquilo que,como mulher lhe falta. Macho e fêmea formam uma união de parceiros que se definem e completam mutuamente. Um é aquilo de que o outro necessita e cada qual necessita aquilo daquilo que o outro é. Para que o amor tenha êxito, precisamos dar o que somos e receber do parceiro aquilo de que necessitamos. Dando-nos, recebendo e possuindo o parceiro, tornando-nos homem e mulher, e formamos um casal.



A expressão amorosa, na intimidade sexual (e ás vezes,apenas o inter curso sexual), frequentemente liga os parceiros, quer eles queiram, quer não. Não é a intenção ou a escolha que estabelece o vínculo, mas o próprio ato físico. Essa dinâmica pode ser observada no sentimento de proteção que algumas vítimas de estupro ou incesto experimentam para com os agressores e nos encontros sexuais casuais que deixam traços duradouros.


A vergonha de mencionar e reconhecer esse aspecto muito íntimo do relacionamento de um casal prende-se ao fato de a paixão sexual ser vista ainda,em certos círculos,como algo abjeto e indigno. Não obstante isso, a consumação sexual constitui o maior ato humano possível. Nenhuma outra ação humana está mais em harmonia com a ordem e a riqueza da vida, expressa melhor nossa participação na totalidade ou traz consigo prazer tão intenso e em consequência, tão delicioso sofrimento. Nenhum ato oferece tantas recompensas ou acarreta tantos riscos,exigindo mais de nós e tornando-nos sábios,compreensivos e humanos,quanto a tomada do outro, o conhecimento do outro e a união com o outro no amor. Comparativamente, as outras atividades humanas parecem mero prelúdio, repetição, alívio ou consequência - uma imitação precária. 

A expressão sexual do amor representa também o nosso ato mais humilde. Em nenhuma outra circunstância nós nos expomos tão completamente, denunciando a mais cabal vulnerabilidade. Nada preservamos com mais recato que esse local íntimo onde os parceiros revelam um ao outro o seu ser mais profundo, confiando-se mutuamente esse ser. Graças à expressão sexual do amor, homens e mulheres deixam pais e mães para se tornar, como diz a Bíblia, “ uma só carne”. 

Gostemos ou não, o vínculo especial e, no sentido mais profundo, indissolúvel entre os parceiros surge da união sexual. Somente esse ato faz deles um casal, somente esse ato pode torná-los pais. Por isso, se sua sexualidade for limitada de alguma maneira por inibições ou pela esterilização de um deles o vínculo não se completa, ainda que o casal o deseje. O mesmo se aplica aos relacionamentos platônicos, em que os parceiros evitam os riscos da sexualidade e sentem menos culpa ou responsabilidade quando se separam. Depois que os parceiros se ligaram pela intimidade sexual, a separação sem culpa ou sofrimento não é mais possível. Eles não podem partir como se a união nunca houvesse existido. Embora esse apego seja um problema para os pais que se separam, também protege os filhos de separações precipitadas ou caprichosas.

O papel crucial que a sexualidade desempenha na união dos casais evidencia o primado da carne sobre o espírito, bem como a sabedoria da carne. Somos tentados a desvalorizar a carne em comparação com o espírito, como se o que se faz a partir da necessidade física, do desejo e do amor sexual tivesse menos valor que os benefícios da razão e da moralidade. Mas o desejo físico mostra a sua força, e mesmo sabedoria, no ponto em que a razão e a moralidade atingem seus limites e recuam. O desejo continua a manifestar-se depois que as frias exigências racionais se esgotaram ou embotaram. A razão superior e o significado profundo que emergem de nossas necessidades físicas instintivas superam e controlam a racionalidade e a vontade. Estão mais próximos do centro da vida e são mais resistentes."




Texto extraído do livro “A Simetria oculta do amor” de Bert Hellinger




"No relacionamento a dois queremos alcançar algo que talvez não tenhamos conseguido no amor pelos nossos pais. Mas isso não dá certo sem que, primeiramente, o amor pelos pais comece a fluir"

Bert Hellinger

Um comentário:

Unknown disse...

É sem dúvida o ato de maior cumplicidade e confiança depositada um no outro.