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Dependência de tecnologia

“Vivemos em tempos líquidos. Nada foi feito para durar” 
Zygmunt Bauman



(Imagem de Pawel Kuczynsky)


A partir de artigos publicado em mídias digitais traz-se aqui um reflexão atual e preocupante: a mesma tecnologia que vincula, atualiza e informa também pode nos distanciar dos relacionamentos, empobrecer conteúdos, produzir maiores mal-entendidos na comunicação, nos isolar socialmente e causar dependência.

Não podemos esquecer que cada vez os mais jovens estão expostos à mais ferramentas virtuais e de comunicação midiática - qual o preparo e a maturidade física, mental e emocional para tal exposição? Quais os limites e ponderações que os adultos e mais experientes estão fazendo em relação à este fenômeno atual e que cresce a cada dia e à uma velocidade muitas vezes difícil de acompanhar? Estamos lidando com tais movimentos de forma preventiva e ponderada ou de forma aguda e desesperada? Quais os limites e posturas adequadas para crianças, jovens e adultos em relação a este novo que se mostra?

Aqui valem algumas máximas reflexivas, independente de idade, crença, credo ou cultura: "Todo excesso esconde uma falta" e "Tudo o que é em excesso pode fazer mal".

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"Junto com o “boom” da internet e o incrível desenvolvimento dos jogos eletrônicos, aumentaram as preocupações acerca das possíveis consequências negativas que o uso intenso dessas tecnologias poderia causar. Boa parte desse medo vinha das semelhanças que o uso intenso da internet e dos jogos eletrônicos tinha com o uso de drogas como álcool, cigarro e cocaína."


"Insônia, ansiedade e depressão. A tecnologia que ajuda a melhorar a vida de milhares de pessoas pode ser também motivo de problemas de saúde e de relacionamento. Há pelo menos 4 anos, especialistas já lidam com o novo transtorno mental: a dependência de tecnologia. Uma pesquisa da Microsoft apresentada no Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), afirma que para 74% dos brasileiros a tecnologia tem impacto positivo nas artes e na cultura; para 80%, cria oportunidades de emprego; e para 72% ajuda a reduzir diferenças econômicas.
Apesar das melhorias que os avanços tecnológicos trouxeram, os sintomas da dependência de tecnologia já são comparados por especialistas aos traços que uma dependência química gera na vida de alguém. A chegada dos smartphones no Brasil, nos anos 1990, foi responsável pela disseminação das redes sociais e intensificou o uso de jogos eletrônicos. O especialista em educação pela Universidade de Brasília Lúcio Teles ressalta que pessoas lidam todos os dias com “injeções tecnológicas” — vídeos, fotos, animações e mensagens que bombardeiam a mente quase 24 horas por dia. Os avanços tecnológicos têm causado mudanças significativas no comportamento da sociedade e, segundo Teles, os pais devem ficar atentos e controlar a vida virtual dos filhos. “É preciso evitar que as crianças cresçam sem desenvolver habilidades importantes de socialização”, pontuou."
Video Games e jogos eletrônicos

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu o vício em jogos de videogame como um distúrbio mental. Essa é a primeira vez que a condição está sendo incluída como uma doença pela entidade. Adicionada em 2018 na 11ª Classificação Internacional de Doenças (CID) com o nome de “distúrbio de games”, o documento descreve o problema como padrão de comportamento frequente ou persistente de vício em games, tão grave que leva “a preferir os jogos a qualquer outro interesse na vida”.


"Os pais podem ter razão quando dizem “esse excesso de games está virando uma doença”. A Organização Mundial da Saúde reconhece os benefícios do mundo virtual como a troca de informações em tempo real. Mas alerta: o exagero é um problema de saúde pública em muitos países.
“A gente tem só que ter o cuidado de separar o que é o realmente excessivo do que é uma prática normal, do que que é jogar um videogame no dia a dia, que o brasileiro gosta muito de jogar videogame”, disse Fernando Chamis, presidente da Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos (Abragames).
Para o psiquiatra Cirilo Tissot, a decisão de incluir o vício em games como transtorno vai ajudar os médicos a fazer essa diferença. Ele explica: há uma predisposição genética na maioria dos casos e sinais que servem de alerta.
“Quando eu começo a deixar de fazer outras obrigações, ir na escola, estudar, frequentar relacionamentos sociais, de amigos, quando eu começo a fazer isso em função de jogo, esse é principal sintoma de que a pessoa está viciada, esta compulsiva nessa atividade”, disse.
A dependência em games, assim como em outras atividades, tem uma explicação, uma reação bioquímica dentro do nosso cérebro: ele libera um neurotransmissor chamado dopamina, que dá uma sensação de prazer, euforia, recompensa. Quem se vicia, não consegue viver sem essa descarga de dopamina. Sempre quer mais e joga mais."
O uso excessivo de tecnologia preocupando empresas e segmentos sociais

"Depois de anos impulsionando o acesso a internet e smartphones, gigantes do setor criam ferramentas para incentivar os consumidores a ficar menos tempo conectados; para alguns estudiosos, dependência de celular é considerada um transtorno.

Na próxima quarta-feira, a atenção de milhões de pessoas estará voltada para os novos modelos de iPhones que a Apple deve anunciar. Pouco se sabe sobre os aparelhos. Uma certeza, porém, é de que eles chegarão ao mercado cheios de funções que incentivam o usuário a ficar menos tempo na frente do celular - como anunciado pela empresa em maio. A Apple não é a única gigante do setor a pensar no uso consciente dos aparelhos pelos consumidores. Nos últimos meses, Google, Facebook e Twitter anunciaram funções similares, buscando endereçar um problema cada vez mais presente: o uso excessivo de tecnologia.

É uma questão global: em uma pesquisa feita pelo instituto Ipsos no Brasil, EUA, França e Índia, 33% dos participantes disseram já ter priorizado o celular em vez de passar tempo com amigos ou família. No Brasil, esse porcentual é de 36%. Além disso, é considerável o número de pessoas que tem uma relação conflituosa com seus dispositivos. O Dependência de Internet, centro de tratamento do Hospital das Clínicas, da Universidade de São Paulo (USP), recebe em média quatro pedidos de ajuda por dia.

É algo especialmente comum entre os mais jovens, como o jornalista Guilherme Soares, de 23 anos. Há quatro anos, ele anda com seu smartphone no bolso e ficar offline tem sido um desafio. "Houve uma época em que se meu celular estivesse carregando longe de mim, eu ficava ansioso", conta. "É como se faltasse uma parte do meu corpo."

Quem tem profissões cuja rotina diária está ligada à tecnologia também tem dificuldade para se impor limites. Especialista em mídias digitais, Piero Caíque, de 31 anos, passa mais de 8 horas por dia conectado no trabalho. Ao chegar em casa, obedece a regras para não ficar paranoico. "Hoje, não entro mais no quarto com o celular ou o PC, ou não consigo me controlar", diz ele, que se assume "viciado em internet".

Debate. Na comunidade médica, ainda não há consenso se a dependência de smartphones ou de internet pode ser considerada uma doença propriamente dita - não há definição sobre o tema na Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo. Pioneira em estudos sobre o tema, a psicóloga americana Kimberly Young defende a classificação como transtorno: "A partir do momento que alguém perde o controle, isso não pode ser mais considerado normal".

Já a psicóloga Anna Lucia King, do Instituto Delete, ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), alega que há muita confusão no debate: "A maioria das pessoas que nos pedem ajuda acha que são viciadas. Depois da nossa avaliação, elas percebem que é só mau uso da internet". Segundo a pesquisadora, cujo centro já recebeu mais de mil pacientes nos últimos cinco anos, o vício em tecnologia está ligado a outros transtornos, como ansiedade ou depressão. "Em casos patológicos, a tecnologia é usada para descarregar um componente que já existe na personalidade."

Para quem tem dúvidas se precisa procurar ajuda, o Hospital das Clínicas da USP coloca à disposição um questionário com oito tópicos. Se houver pelo menos seis respostas positivas, é bom ir atrás de um especialista. O médico Claudio foi um dos que buscou ajuda para o irmão, Pedro, um estudante de 31 anos - os dois pediram para não terem seus nomes identificados. Segundo Claudio, Pedro sempre gostou de internet, mas percebeu que havia algo errado quando o rapaz perdeu o ânimo pela faculdade ou pelos amigos.

"Quando o confrontávamos, meu irmão ficava automaticamente agressivo", conta Claudio. "Chegou um momento em que não aguentamos mais." Pedro teve de se mudar do Espírito Santo para fazer o tratamento no Hospital das Clínicas, que consiste em uma sessão semanal em grupo com os pacientes. Além disso, os familiares são convidados a participar de sessões para discutir o cuidado com os próximos.

Em casos mais graves, os pacientes também podem ser encaminhados para sessões com psiquiatras ou medicação. Não foi o que aconteceu com Pedro: "Em três meses, meu irmão já tinha controle no uso do próprio celular. Foi difícil, mas mudou a vida dele", diz Claudio.
Inevitável. O caso do estudante ressalta um aspecto importante: apesar de poder ser prejudicial, a utilização de smartphones ou da internet é um hábito quase incontornável no dia a dia.

Agora, a abordagem das empresas de tecnologia busca promover o uso consciente de suas plataformas - nas próximas versões do Android e do iOS, respectivamente, Google e Apple permitirão que os usuários saibam quanto tempo gastaram no celular por dia ou quantas vezes a tela foi desbloqueada. Será possível ainda silenciar ou reduzir o fluxo de notificações, que causam distração constante, e até mesmo impor limites no tempo de uso. "Não queremos necessariamente que as pessoas usem menos o celular, mas que elas usem de forma mais consciente", diz Flavio Ferreira, diretor de parcerias do Android para a América Latina.

Pensar no bem estar é também uma estratégia de negócios: afinal, suas receitas estão ligadas ao engajamento dos usuários com os celulares. "Se as pessoas não estiverem bem, as plataformas não conseguem reverter acessos em, por exemplo, compras para seus anunciantes", diz o professor Edney Souza, da ESPM.

Para especialistas, a proposta das gigantes serve como alerta. "As iniciativas das empresas são ótimas, mas não resolvem o problema", diz o psicólogo Cristiano Nabuco, do Hospital das Clínicas. "Em casos graves, não há como fugir do tratamento"."

Alguns videos e animações acerca desta temática:






 

Referências e fontes utilizadas:
Referências acrescentadas em 2021:

Adolescência - as experiências com o corpo em desenvolvimento e o uso da tecnologia - http://reneschubert.blogspot.com/2019/07/realidadesdo-corpo-do-virtual.html

Facebook sabe que Instagram é tóxico para meninas, mostram documentos internos - https://mediatalks.uol.com.br/2021/09/15/facebook-sabe-que-instagram-e-toxico-para-meninas-mostram-documentos-internos/

Estudo mostra efeitos do vício em vídeo games no longo prazo - https://www.tecmundo.com.br/cultura-geek/153417-estudo-mostra-efeitos-vicio-videogames-longo-prazo.htm

Vício em games agora é um transtorno mental: como isso pode ajudar ou atrapalhar quem joga muito - https://www.uol.com.br/vivabem/reportagens-especiais/o-vicio-em-jogos-e-considerado-disturbio-mental-quais-os-perigos-da-doenca/

7 dicas para superar o vício em tecnologia - https://revistagalileu.globo.com/Life-Hacks/noticia/2016/10/7-dicas-para-superar-o-vicio-em-tecnologia.html


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