Um
trauma resulta de uma situação que envolve risco de vida ou que foi imaginada
como tal. Um trauma pode deixar uma impressão no corpo e na alma. A impressão
resulta de não ter se completado um movimento no corpo e na ama. Com isto o trauma
pode ser revivido e volta a pesar sobre nós.
Observamos nas constelações familiares
que um grande número de traumas não resultam de vivencias pessoas mas vieram
por identificação com outras pessoas da família. Não são portanto, traumas
pessoais, mas sistêmicos.
Um trauma sistêmico está sempre associado a alguma
relação inconclusa. Geralmente, uma reconciliação necessária não teve sucesso,
ou as consequências de alguma culpa pessoal não foram assumidas pela pessoa responsável.
Então uma outra pessoa da família, assume o que não se completou e carrega a
culpa como se fosse sua. Nisto consiste o trauma sistêmico.
A tentativa de
tratar um trauma sistêmico como se fosse pessoal, por exemplo, por meio de
medicação ou de exercícios corporais, não é suficiente. E preciso ter em conta
que um trauma sistêmico precisa ser abordado de outro modo. Temos que
identificar no sistema a pessoa ou as pessoas que não foram acolhidas ou
integradas a ele, que forma excluídas ou não conseguiram completar algo para
si. Procuramos, portanto, identificar dentro do sistema a origem do trauma.
Quando isto vem a luz, podemos retrospectivamente buscar, numa constelação, a reconciliação
por meio de representantes. Quando se consegue isto, a pessoa que carregava o
trauma por outra pessoa fica subitamente livre, simplesmente porque o trauma
foi reconduzido ao seu lugar original.
Quando lidamos com crianças
traumatizadas é preciso descobrir, antes de mais nada, se o trauma decorreu de
uma vivencia pessoal com risco de vida ou de uma ligação sistêmica. Então
adotamos o procedimento indicado para o caso.
Também existem traumas que são
impostos pelo destino, por exemplo, por uma guerra que afetou a todos. Neste
caso, a terapia do trauma individual ou a terapia do trauma sistêmico, por si só, não adiantam. Aqui algo diferente se exige de nós, a saber, que encaremos
o destino e nos conformemos com ele, dizendo, “Sim assim é e assim pode ser. Eu
aceito isso, tal como é!”. Então o que era um trauma para nos se transforma em
uma força, e nos nos unimos a vida de uma maneira abrangente.
Agora
farei com vocês uma pequena meditação: Feche os olhos. Entramos em nosso próprio
corpo como se caminhássemos através dele, e sentimos onde ainda atua a impressão,
a tensão ou a dor de algum trauma pessoal. Então visualizamos este trauma fora
de nos, a alguma distancia. Ai ele pode movimentar-se para onde quiser, para
onde precisar, ate que finalmente se esgote.
Quando olhamos para ele, ele
talvez nos olhe como uma criança que acaba sorrindo para nos. Assim o acolhemos
de novo em nosso interior, permitindo que ele caminhe livremente na direção que
desejar, ate que finalmente pousa, talvez, em nosso coração.
A seguir nos
sintonizamos com nossa alma e lá percebemos também um trauma antigo – um medo,
uma dor, uma decepção, uma raiva – e visualizamos isto fora de nos. Verificamo
o que isto esta buscando, para onde deseja ir, onde fica me paz.
Então
imaginamos que tomamos pela mão o trauma corporal e o trauma da alma e, junto
com eles, olhamos para longe, para muito além de nos, para o grande Destino,
diante do qual todos estes traumas tem seu lugar, porque tudo foi querido por
ele, do modo como foi, e dizemos, diante deste destino e para este destino: SIM!
Bert Hellinger
Paz e
Conflito: Uma Resposta (Editora Cultrix)
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