Reflexão a partir do trabalho em
consultório como psicoterapeuta seguindo na linha psicanalítica com clientela
infantil e adulta.
Psicoterapia Individual - é um
espaço especializado no atendimento psicoterápico, que trata dos aspectos
psíquicos singulares do indivíduo. É o trabalho dos afetos, emoções, padrões e
pensamentos do indivíduo que o levam a ter consequências negativas ou sofrimento
em seu dia a dia. Com base teórica psicanalítica, muitas temáticas e questões
que o indivíduo traz às sessões psicoterapêuticas podem ser refletidas,
problematizadas e reconstruídas, visando uma melhor adaptação e interação com o
meio social, profissional e cultural.
A partir da imagem humorada acima
e da animação que segue a seguir, surge esta reflexão tão importante sobre os
cuidados que o psicoterapeuta, terapeuta, facilitador, precisa ter consigo
mesmo.
Seu material de trabalho é o
material humano. O dia todo em contato com as manifestações e conteúdos
trazidos por crianças, jovens, adultos, homens, mulheres, idosos, famílias,
casais. Afetos, emoções. Histórias, tramas e dramas. Angustias, incômodos,
desconfortos, insatisfações. Sentimentos. Dores e Machucados. Conflitos
internos e externos. Traumas, transes e mecanismos de adaptação. Personagem
preferidos e preteridos. Exclusões, preconceitos, julgamentos. Pensamentos
sombrios. Desejos assustadores. Fantasias terroríficas e por vezes libertadoras.
Comportamentos, crenças que auto-sabotam. Vínculos pesados...também vínculos
leves. Crenças que limitam...crenças que levam e mantém o sucesso. Palavras mal
ditas...palavras mágicas. Relacionamentos tóxicos, relacionamentos fugazes,
relacionamentos sofridos...relacionamentos que levam adiante.
E por todas estas cenas, dores e
cores...a pessoa do psicoterapeuta já passou. Já vivenciou. Já presenciou. Já
sentiu e tocou. E é esperado que tenha trabalhado estas, em seu próprios espaço
terapêutico de escuta, acolhimentos e transformação.
Como colocado pelo facilitador
Thomas Bryson: "Um cliente trará suas sombras para o atendimento, para o
campo. Para adentrar nestas sombras, o terapeuta precisa estar preparado,
precisa ser capaz de estar e se manter na presença. Para tal precisa conhecer
suas próprias sombras, e precisa ter visitado e tomado contato com as mesmas
diversas vezes. Apenas um terapeuta que conhece suas próprias sombras pode
entrar nas sombras do cliente sem ser desviado ou engolfado por estas."
Como nos aponta o psicanalista
Jorge Forbes, "somos profissionais do incompleto". Lidamos com a incompletude.
Com o imperfeito. Somos incompletos e imperfeitos. Isto nos faz inquietamente buscar,
aprimorar, transformar.
O trabalho do psicoterapeuta,
terapeuta, facilitador...é constantemente sobre si mesmo. Para poder fornecer
recursos e ferramentas, reflexões e estratégias, possíveis e vívidas ao seu
paciente/cliente.
Sigmund Freud apontava para
importância do tripé da psicanalise: Analise pessoal, supervisão e estudo
teórico. Trabalhar seus temas pessoais, suas angustias e medo em seu espaço
terapêutico. Supervisionar as questões práticas difíceis que surgem no dia a dia
da clínica. Aprofundar e manter os estudos teóricos...pois cada
paciente/cliente, traz o novo ao consultório. Cada caso é um caso.
Desenvolvemos as hipóteses diagnosticas, estratégias clinicas, tratamento, a
partir de cada novo caso como este se apresenta e desenvolve. Ou seja este
tripé sugerido por Freud, é movimentado constantemente pelo(a) o(a) terapeuta.
Lidando com seres humanos, como
o(a) próprio(a) terapeuta, o(a) mesmo(a) precisa estar em constante movimento
de escuta, paciência, tolerância, inclusão do novo, supervisão, aprimoramento,
aprofundamento, abertura.
Somos incompletos, vulneráveis e
frágeis...também...e isto não é uma fraqueza, muito pelo contrário, isto é uma
força. Para tal precisamos trabalhar, com frequência, estes aspectos. Estar
atentos e respirar conscientemente. Entrar em contato. Reconhecer. Diferenciar.
Reverenciar. Dar um lugar. Integrar. Atuar, com consciência e presença!
Psicoterapia: Animação mostra a relação Psicólogo e Paciente
Essa animação mostra, de forma
simbólica a relação Psicólogo X Paciente, e a importância do Psicoterapeuta
também cuidar de sua própria Saúde Mental. O psicoterapeuta além de sua
formação teórica e conhecimento clínico, precisa também de acompanhamento
psicoterapêutico e supervisão - para que possa lidar com as diferentes
demandas, afetos, situações trazidas por seus pacientes singulares , sem deixar
seus próprios assuntos e opiniões interferirem neste trabalho. Sigmund Freud
apontou que a clinica é suprema, é onde mais aprendemos e vivenciamos - porém
para alcançar a postura analítica é necessário estudo teórico, analise pessoal,
supervisão clínica e constante aprofundamento.
Sobre a animação disponível no Youtube: Originalmente postado em 2010 pelo nome Garra Rufa - A short animated film done by a group of artist at Sheridan College. Explores the mind of a psychiatrist.
Sobre a animação disponível no Youtube: Originalmente postado em 2010 pelo nome Garra Rufa - A short animated film done by a group of artist at Sheridan College. Explores the mind of a psychiatrist.
Referências para estudo:
Bert Hellinger - As Ordens da
Ajuda. Editora Atman, Pato de Minas, 2005
Carla Soares e Colaboradores - Visão Sistêmica e a Ética. UNICEUB, 2023
Contardo Calligaris - Cartas a um
jovem terapeuta. Alegro, 2004
Irvin Yalom - Os desafios da
terapia – reflexões para pacientes e terapeutas. Ediouro, 2006
Jorge Forbes - Da palavra ao
gesto do analista. Campo Freudiano no Brasil. Jorge Zahar Editor
Sigmund Freud – Recomendações aos
Médicos que Exercem a Psicanálise (1912); ‘A Dinâmica da Transferência (1912);
Analise terminável e interminável (1937).
Ursula Franke - Quando fecho meus
olhos vejo você – Editora Atman, 2006
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